Bichinho do Mato







Quando eu era pequenininha, era chamada de "bichinho do mato".
Com meus longos cabelos negros, me escondia da multidão.
Não gostava de pessoas, não gostava de papo,
eu queria mesmo era viver no meu mundinho solitário.

As pessoas grandes eram ruins,
poucos escapavam, poucos eram bons,
eu queria minha mãe, eu queria meu pai,(morreu?)
eu queria proteção, e só encontrava sofrimento e solidão.






Certa vez enquanto dormia
o bicho papão resolveu me pegar,
dentro da caverna quente e vazia
minhas lágrimas teimaram em rolar.

...

Agora cresci, e quando tento me lembrar
da infância querida, da infância vivida
dentro do meu ser só encontro solidão
solidão do esquecimento, solidão da multidão.

Hoje eu cresci, mudei e revivi.
Se engana quem diz saber me conhecer
fui obrigada a criar uma carapuça para me esconder,
afinal de contas, se me descobrirem, vão me entristecer.

Quando as lágrimas silênciosas
teimam em voltar, e os meus olhos inchar
meu nariz tapar e não consiguir me controlar
infelizmente meu coração, como pedra quer ficar.



Posso até parecer um bichinho raivoso,
mas dentro de mim mora um pequeno peixinho,
que nada contra a correnteza tentando sobreviver,
tudo isso para não chorar e morrer.


Muitas vezes sou como um furacão
enfurecido, destruindo a multidão,
mas na verdade sou uma pequena garoa
que vem devagarinho, e rega seu coração.

Tem gente que me chama de rabugenta...
Peraí!!! Essa gente sou eu.
Mas preciso ser rabugenta,
antes ele do que eu.

Aquele "bichinho do mato" cresceu,
e a doçura da inocência desapareceu,
porém dentro de mim ainda mora
um "bichinho do mato" que nunca morreu.








Amor igual ao teu
Eu nunca mais terei
Amor que eu nunca vi igual
Que eu nunca mais verei

Amor que não se pede
Amor que não se mede
Que não se repete
Amor...

Cê vai chegar em casa
Eu quero abrir a porta
Aonde você mora?
Aonde você foi morar?
Aonde foi?

Não quero estar de fora
Aonde esta você?

Eu tive que ir embora
Mesmo querendo ficar

Agora eu sei
Eu sei que eu fui embora
Agora eu quero você
De volta pra mim

Amor igual ao teu
Eu nunca mais terei

Amor que eu nunca vi igual
Que eu nunca mais verei

 
Cidade Negra.

Nenhum comentário:

Greenpeace