Dia desses estava eu correndo para ir ao trabalho, atrasada até o último fio de cabelo, quando vejo uma cena triste.
Vi um homem encostado num muro, perto do Estadão, tragando seu cigarro e jogando a fumaça no muro.
Que louco!!!
Me aproximando vi que a fumaça estava sendo direcionada a um pequeno casulo de lagarta.
Enquanto ele jogava a fumaça do seu cigarro, ria e se divertia com a cena da pequena lagarta, envolta em seu casulo tentando fugir com apenas a pontinha das suas pequenas patinhas daquele vendaval tóxico.

...

Eu passei, voltei, parei, pensei em brigar, em xingar, em dizer o quanto ele estava sendo cretino, pegar um cabo de vassoura e dar tanta paulada naquela cabeça oca...

...Infelizmente não fiz nada. Estava atrasada, e bem atrasada.


(suspiro)

O que dizer disso tudo?
Sinceramente não sei.
A dor no meu peito de ver o quanto nós seres humanos estamos cada vez mais destruindo nosso planeta, me dá um medo.

Um dia isso vai ter que parar, e tenho receio que muitos sofra com o dia do BASTA!!!

Se olharmos a nossa volta, perceberemos que o planeta esta gritando por um Basta!
É só ver os fenomenos da natureza destruindo nós, a raça humana.
Chuvas, secas, terremotos...

E a culpa é toda nossa.
Se não respeitamos pequenas coisas, como queremos que elas nos respeitem.

Veja a complexidade da história. Imaginem vocês que uma pequena lagarta estaria fazendo seu casulo em pleno viaduto 9 de Julho, aqui na região Central de São Paulo, em meio a poluição e ao lixo?

Entenda que a natureza está perdendo seu espaço, graças ao crescimento desenfreado de prédios e a destruição de toda área verde que existe.
Mesmo assim a metamorfose da uma lagarta precisava acontecer, ela precisava evoluir. Sua hora tinha chegado e não tinha mais tempo em esperar. Só não contava com a estupidez de animais, sim, animais, porque posso dizer que os "animais" se respeitam, nós que nos intitulamos "seres humanos", pensantes, somos um bando de estupidos destruidores...

Foto Dadox

Uns dias depois, passei pelo mesmo local com meu namorado, e estava lá ela, a lagarta, dentro do seu casulo, se movimentando na cinzenta pedra do viaduto 9 de Julho.
Pensei em tirar ela de lá, e colocar no gramado ao lado, porém me lembrei de um conto que li do Paulo Coelho, e tive receio de piorar a situação:

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O grande escritor grego Nikos Kazantzakis (“Zorba, o Grego”) conta que, quando criança, reparou num casulo preso a uma árvore, onde uma borboleta preparava-se para sair. Esperou algum tempo, mas – como estava demorando muito – resolveu acelerar o processo. Começou a esquentar o casulo com seu hálito; a borboleta terminou saindo, mas suas asas ainda estavam presas, e terminou por morrer pouco tempo depois. “Era necessária uma paciente maturação feita pelo sol, e eu não soube esperar”, diz Kazantzakis. “Aquele pequeno cadáver é, até hoje, um dos maiores pesos que tenho na consciência. Mas foi ele que me fez entender o que é um verdadeiro pecado mortal: forçar as grandes leis do universo. É preciso paciência, aguardar a hora certa, e seguir com confiança o ritmo que Deus escolheu para nossa vida”.


Maktub II – Paulo Coelho.
 
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Outros dias depois e o pequeno casulo não estava mais no local.
Não sei o destino da pequena lagarta que tinha evoluido e se tornado numa linda borboleta.
Mas tudo isso me fez pensar. Sim, pensar. E ainda bem, nem todos são uns cabeças ocas, estupidas como o rapaz do cigarro, ainda tem pessoas que pensam.
 
"A lagarta me relembrou uma linda lição, muitas vezes precisamos entrar no nosso casulo, entrar dentro de nós, para nos conhecermos e assim evoluir. Todos passamos pela fase lagarta, e para evoluir, para se tornar uma linda borboleta, precisamos nos encontrar, encontrar o verdadeiro Eu.
Não é uma tarefa fácil, muitas vezes encontramos dificuldades e até pessoas estupidas jogadoras de fumaça em nossas vidas, porém precisamos ser fortes e lembrar que a evolução vai acontecer, quando o tempo certo chegar, não importa se você esta em uma linda e acochegante floresta, ou está muito longe de casa, numa floresta cinzenta e poluida, o tempo certo vai chegar.
 
Maktub"
 
 

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